O que vai mudar nas suas finanças em 2013

Como adaptar-se à nova realidade mantendo o equilíbrio das suas contas

Não lhe vamos mentir. 2013 é um ano que vai por à prova as suas capacidades de adaptação e de organização perante o rendimento disponível que será, sem dúvida, mais reduzido.
Para se preparar da melhor forma, reunimos o essencial sobre aquilo que vai mudar e o que pode fazer para reduzir o impacto do Orçamento Geral do Estado (OE) no orçamento da sua família.
O período de crise e de austeridade em que vivemos obriga a novos comportamentos de gestão financeira e a um reforço dos hábitos de poupança entretanto perdidos. Em colaboração com a equipa de especialistas que desenvolve o site de literacia financeira Saldo Positivo, explicamos o que deve (mesmo) fazer para valorizar o seu dinheiro ao longo de um ano que ameaça ser bem comprido e penoso.

Saúde

As despesas de saúde são uma das formas mais importantes que os contribuintes têm ao seu dispor para conseguir baixar a fatura fiscal ainda que, na próxima entrega de IRS, apenas possa deduzir 10 por cento dos gastos com saúde até ao limite de 838,4 euros. A este limite acresce, no caso das famílias com três ou mais filhos, um valor de 125,77 euros por cada dependente.
Recolha as faturas de gastos relacionados com medicamentos, óculos prescritos por médicos, consultas e serviços prestados por profissionais de saúde, intervenções cirúrgicas e internamentos hospitalares, próteses entre outros.

Educação

Nas despesas relativas à educação, pode deduzir os gastos relacionados com o pagamento de inscrições e mensalidades em jardins de infância, escolas do ensino básico, secundário ou superior, com a compra de livros e material escolar, entre outras despesas, até um limite de 670 euros. No caso das famílias com três ou mais dependentes, a este limite acresce um montante de 125,77 euros por cada dependente.

Habitação e benefícios fiscais

No caso das despesas relativas ao crédito à habitação, as famílias poderão deduzir 15 por cento dos encargos suportados com os juros do crédito até a um limite de 591 euros. No que se refere aos benefícios fiscais, quem tiver um plano poupança reforma (PPR), um seguro de saúde ou fizer donativos poderá abater 100 euros na fatura fiscal. O valor vai sendo menor à medida que o escalão de rendimentos dos contribuintes aumenta, sendo que as famílias que pertencem aos primeiros dois escalões de IRS (com rendimentos anuais inferiores a 7.410 euros) não estão sujeitas a estes limites.

Mais IRS

No próximo ano vai pagar mais irs, o que significa que o seu rendimento mensal disponível irá inevitavelmente diminuir. Tal situação deve-se especialmente a três alterações previstas no oe para 2013:
- A subida das taxas de irs, que vão variar entre os 14,5 por cento, para os contribuintes com rendimentos mais baixos, e os 48 por cento, para as famílias com rendimentos mais elevados.
- A redução do número de escalões de IRS, de oito para cinco.
- A cobrança de uma sobretaxa equivalente a 3,5 por cento sobre o rendimento coletável que excede o salário mínimo nacional. Contas feitas, um casal, com um filho, em que ambos os membros sejam trabalhadores por conta de outrem, e que tenha um rendimento mensal bruto conjunto na ordem dos 3000 euros, irá pagar no próximo ano mais dois mil euros por ano em IRS face ao valor pago em 2012.
Para quem ainda tem alguma folga no seu orçamento é recomendável a constituição de uma poupança com um valor suficiente para suportar as despesas do agregado familiar durante, pelo menos, seis meses.
Se vai receber subsídio de Natal outra solução passa pela canalização desta prestação para um depósito a prazo com uma taxa de juro atrativa (acima de 2,7 por cento).

Subsídios mais baixos

Quem recebe subsídio de desemprego também vai sofrer um corte.
Em 2013, esta prestação social estará sujeita a um desconto de 6 por cento. Os subsídios de doença superiores a 30 dias vão estar sujeitos a uma taxa de cinco por cento. Atualmente já é possível acumular o subsídio de desemprego com um trabalho dependente ou independente (a recibos verdes) a tempo inteiro. A medida, em vigor desde o verão passado, abrange desempregados que estejam inscritos no centro de emprego há pelo menos seis meses e que ainda tenham direito a, pelo menos, seis meses de subsídio.
O apoio pode durar até 12 meses e corresponde a 50 por cento do valor do subsídio nos primeiros seis meses de contrato (até a um limite de 500 euros) e a 25 por cento nos seis meses seguintes (até 250 euros). Por exemplo, se o subsídio de desemprego tem um valor de 600 euros ao surgir um novo contrato de trabalho com uma remuneração de 500 euros, o apoio financeiro mantém-se com um valor de 300 euros.

Corte nas despesas

Os reformados que recebam pensões acima dos 1350 euros vão sofrer um corte no próximo ano. pensões entre 1350 e 1800 euros brutos sofrem um corte de 3,5 por cento. para as pensões entre 1800 euros e 3750 euros a redução varia entre 3,5 por cento e 10 por cento. Acima desse valor as reformas sofrem um corte de 10 por cento.
Identifique os gastos que podem ser reduzidos para fazer face à diminuição do rendimento disponível. Ao mesmo tempo, aproveite ao máximo os descontos contemplados para os seniores. keste corte demonstra, ainda, a importância da construção de um pé de meia (idealmente antes dos 35 anos de idade) com vista a complementar a pensão paga pela segurança social. Existem no mercado várias soluções financeiras (como os PPR e os certificados de reforma) que permitem aos pensionistas receber uma renda mensal vitalícia assim que atingem a idade da reforma.

Revisão do abono de família

Desde 27 de outubro de 2012 é possível pedir à Segurança Social que seja feita uma revisão dos valores desta prestação social nas situações em que ocorra uma alteração de rendimentos da família ou uma alteração da composição do agregado familiar, como desemprego ou divórcio. o pedido pode ser feito num balcão da segurança social ou através do site deste organismo.

Prestação da casa mantém-se baixa

As contas feitas pela equipa do Saldo Positivo mostram que, nos últimos 12 meses, os portugueses sentiram uma queda de 17 por cento da prestação da casa. e tudo indica que, em 2013, os juros associados ao crédito à habitação manter-se-ão estáveis. Canalize esta diminuição de encargos para a constituição de uma poupança para fazer face aos cortes do próximo ano, nomeadamente, a redução das deduções associadas ao pagamento de juros do empréstimo (até 15 por cento e um limite de 296 euros).

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